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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

~ apenas o silêncio .


Eis que chega ele, aquele rapaz com sorriso deslumbrante, com olhar que expressa sentimentalismo e emoção. Ele estava alí, perto de uma árvore com características de outono, naquela tarde onde o céu era alaranjado. Havia um castelo ali por perto e nada mais a não ser mato e mais mato, todos eles aparados, formando uma harmonia entra a natureza e a sonoridade do lugar, pois só se escutava o barulho do vento e o assovio dos pássaros. O aroma era muito agradável, cheirava dama da noite. Não sei descrever bem ao certo qual era a roupa do homem, que agora se escorava no tronco da grande árvore. Ele sorria, sorria como se tivesse encontrado o maior tesouro de dua vida ou alguém muito querido e desejado. Olhava para mim fixamente e eu nem se que conseguia me mover para perguntar seu nome. Ficamos nos olhando até o cair da noite sem trocar uma palavra, o único contato se prendia a olhares. Cansada, sentei no gramado. Fazia um leve frio, o vento começava a assoviar mais alto.
Já não sabia porque ainda estava esperando alí, mas havia algo que me prendia e a cada minuto eu me perguntava quem era ele e o que queria comigo. O céu já estava negro e estrelado, podia-se avistar o cruzeiro do sul e as três marias. Estava olhando fixamente agora para o céu, pois adorava observar as estrelas. Quando me dei por conta, o rapaz já não se encontrava perto da árvore, havia sumido misteriosamente. Fui até lá e não encontrei nenhum rastro. Na cabeça matutava a idéia de que eu nunca mais o veria e talvez, no entanto, ele pudesse ser o amor da minha vida.
Tentei correr, mas percebi que não ia adiantar. Ele não estava mais alí e eu não sabia como encontrá-lo. A curiosidade me consumia e a incerteza de vê-lo novamente me deixava temerosa quanto aos outros dias.
Não havia ninguém além de mim perto do castelo, que agora estava todo apagado. Me lembro apenas de ter visto um guarda portando uma espada e sem emoções faciais, mas logo o perdi de vista. A noite era um breo, só se via a luz das estrelas. O barulho dos grilos já era alto e o vento batia forte, levando algumas folhas da tal árvore, aquela em que o rapaz estava encostado. Fiquei alí por horas e horas observando o céu, sem perder meus pensamentos dele. Logo dormi, alí mesmo, deitada no gramado.
Acordei com o sol batendo em meu rosto, sem ter noção de que horas eram. Quis levantar mas não consegui, meu corpo doia todo. Apenas virei o rosto e abri o olho, fui olhar desesperadamente para a árvore e parar minha grande surpresa ele estava lá. Fiquei sem reação. Ele me olhava com aquele olhar feliz e com o sorriso estampado no rosto. Novamente não tive coragem de chegar perto dele, permaneci estática. Passado alguns minutos levantei, me espreguicei e voltei a olhar para ele. Meu coração batia de um modo que nunca havia batido antes. A curiosidade passou e me corroer novamente. Fui dando leves passos, com medo e cautela. No meio do caminho minha respiração parecia falhar sem mesmo ter nenhum desgaste físico. Resolvi parar. O céu estava azul sem nenhuma nuvem aparente. Novamente as únicas coisas que se escutavam eram os pássaros e o vento. Desta vez o aroma que senti não era de dama da noite, mas sim dele, daquele recostado na árvore. Consegui reparar que ele usava traje leve, com cores claras. Seu cabelo também claro voava para o mesmo sentido que o vento soprava. Nós nos olhavamos com aquele olhar fixo, sem brexas para toda aquela vista do lugar. Sentei, prendi o cabelo que voava em meu rosto e fiquei alí. O tempo parecia não passar , mas a tarde andava rapidamente. Eu não sentia necessidade de fazer mais nada além de estar naquele lugar, mesmo longe dele. Aquilo parecia me fazer um bem que não era possível ser descrito. Era incrível como ele parecia me entorpecer com apenas um olhar.
O ambiente agora tinha se tornado mais silencioso, o vento já não assoviava mais e o sol se punha. Sem perde-lo de vista, levantei disposta a chegar mais perto dele, saber o porquê ele estava lá. Ao levantar pisei em um galho e o barulho pareceu assustá-lo. Recuei. Fiquei incansavelmente olhando e tentando analisar o rapaz. Percebi que ele se virava para ir embora novamente e meu coração acelerou. Em um ato de loucura abri a boca para gritar e preparei-me para correr, mas algo me impediu, Inevitavelmente fiquei parada, vendo-o partir. Minhas esperanças voltaram a ser nulas de vê-lo novamente.
A noite estava bem estrelada novamente, mas dessa vez sem vento. O clima era agradável e ouvia-se uma música leve bem ao longe, o que me levou a pensar que havia uma festa no castelo. Todas as luzes estavam acessas. Deitei no gramado e olhei para o céu. Apenas uma pergunta pairava sobre minha cabeça: eu o veria novamente ? Era uma pergunta sem uma resposta definitiva, uma incógnita. Só me restava esperar, esperar e esperar.